Sou raiz de uma realidade que prende mas sublima;
Sou chão de uma morada que sufoca mas alicerça;
Sou o vislumbre da liberdade paralela.
As vezes me perco nos mundos em que vivo, e por horas brinco de não querer voltar. De vez em quando meu outro eu me presenteia, é uma troca que faço com a metade que liberto da morada que mora em correntes. Eu entro, ligo a luz e grito! Faço barulho, tiro do lugar toda velharia, e coloco em ordem a minha bagunça. Aqui, nesse lugar em que vocês me conhecem, sou sombra, sou lírica, sou reflexo do que está escondido. Mas lá, ah... que delícia é quando volto! Lá eu sou livremente livre! Confesso que as vezes dá medo de ir. Dá saudades, mas também dá medo. Lá tem tudo e de tudo, não falta absolutamente nada.
Aqui o que vejo eu sublimo para minha casa paralela, então... meu mundo lá é muito grande. Grande e cheio de significados. Por isso, aqui, sou tão sensível. Aqui sou captadora, sou raiz que suga e extrai. Sou aquela que intercepta sentidos e se permite ser usada para que as percepções sejam retiradas. Tudo passa por mim, meu corpo bombeia sensações, minha mente projeta sentidos e então conecto através do meu o corpo a liberdade tão sonhada que paralela verdades em uma única dimensão de dois mundos.
Eu gosto daqui, não estou reclamando, mas é tão raso, é tão pouco, tão plano. As pessoas daqui só falam das mesmas coisas, elas só enxergam o óbvio. Por isso, nem as convido para o meu mundo, o outro. Na verdade, tenho poucos convidados que conhecem minha segunda casa. Lá é restrito. Alguns já entraram, e aquelas que reconheceram um pouco da loucura de si próprio também gostaram, outros, apenas passaram. Por isso, nem as convido mais. Na verdade, hoje ele é quase secreto. Por isso, quando eu me canso do superficial, eu volto pra lá, volto para buscar fôlego, volto para brincar de viver.
Sou feita de uma fortaleza subjetiva e sensível;
Sou tradução de dois universos;
Sou a perfeita contradição.
Queria até escrever mais,
mas estou egoísta...