1.22.2014

Somos a exceção


- Prima, o que você está fazendo?
- Nada primo, em casa, curtindo preguiça...
- Estou aqui naquele lugar de sempre, anima?
- Ah, não sei, se bem que amanhã é meu aniversário, então... Vou me arrumar, rs!
- Ok, te busco em meia hora.
Ele enrolou um pouco mais, não sei se porque me conhece ou porque a maioria das mulheres agiriam assim com um convite relâmpago.
Aquele vestido é certeiro, não precisa pensar em muita coisa... A sandália que completa o look realça bem o colar. O make, quase o de sempre, não sou muito de inventar. Realcei os olhos e marquei bem os cílios, passei um blush para dar um leve ar de bronzeado, e fechei com batom nude. Eu realmente me importo mais com o olhar do que com a boca.
- Estou na porta prima.
- Ai meu Deus, ok, já estou saindo... (ou daqui uns cinco minutos)
Faltava o perfume, pegar as chaves de casa...
- Oooooooi (sempre cumprimento assim quem eu gosto muito)
- Nossa, como você está linda!!!
- Ah primo, pára né?! Você é suspeito!
- Então... lá tem whisky e uns amigos, acho que vai gostar! Melhor do que ficar em casa, curtindo dor de cotovelo, ainda mais em véspera de aniversário!
- Verdade! Então vamos...
Rotina de quem vai a um bar, e já tem mesa: Descer dor carro, esperar o acompanhante entregar as chaves para o manobrista, caminhar em direção ao lugar onde irá sentar, e claro, cumprimentar os que já chegaram antes de você.
Conversa vai e whisky (com gelo e energético, porque claro, estava aprendendo ainda) vem...
- Ai meu Deus, não acredito...
- Primo, me serve um cowboy!
De repente o chão rodou, as pessoas eram todas conhecidas e o lugar ficou cheio de gente em pé e dançando. Eu insisti para que ele me levasse àquela boate, e confesso que foi um tanto quanto difícil convencê-lo a trocar o bar com os amigos por aquele ambiente com uma prima eufórica, mas aquele dia era meu, e eu definitivamente precisava de um presente.
- Você tem um cigarro? 
- Oi?
- Me dá um cigarro?
Então ELE me olhou, me deu o cigarro e... só! Eu estava elétrica, bipolar, surtando e eufórica, não poderia deixar passar. Meu primo já tinha escutado o suficiente, mas eu ainda tinha muito para falar!
- Você sabia que hoje é meu aniversário? Sabia? Sabe onde era para eu estar agora? 
Foram as frases que me lembro de ter falado. Depois disso só um olhar marcante na memória. ELE tinha anotado meu número de telefone, e fiquei imaginando... quando tocaria...
- Espero que esteja bem, parabéns!
Foram as palavras que li na mensagem. O número eu não conhecia, mas eu sabia exatamente quem era. Lembrava de seus olhos, eles que me foram atentos toda aquela noite. Ele parecia escutar com eles, porque não deixou um minuto de me olhar. Me olhou atento, na verdade, ele me olhou. E então a exceção aconteceu.