É tanta ansiedade,
São tão poucos os dias...
É uma euforia, um estado de agitação que mal posso conter tanta alegria!
Tenho a sensção de flutuar,
Em beliscos curtos de um tic tac que corre...
Uma data que, ao se aproximar, me consome cada vez mais o ar!
Como é bom sentir, viver e ansiar...
Cultura
Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!
Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!
Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Ainda que me recuse...
Ainda que não veja sentido algum...
E ainda que a alma, por comodismo ou medo,
teime em permanecer ancorada,
nas águas turvas do passado.
Ao por do sol do último dia do ano...
Nos tons dourados que invadem o azul intenso...
A Tonica da vida se renova.
Tornando as forças infladas diante do “novo”.
E o coração, moleque vadio ...
Escancara janelas e portas...
Varre dores...
Segue, polindo expectativas...
Fascínio desperto ante o desconhecido.
Então que se mostre...
Que venha o novo calendário com todos os desafios...
Pausando a penumbra da dor...
Ressuscitando na retina paisagens arquivadas ...
Que a alegria não se desfaça na fumaça dos fogos...
Nem a esperança se cale ao cessar dos rojões...
Que venha com sabor de primeiro beijo.
Brindando e solidificando esse momento ímpar.
Senão eterno, verdadeiro sempre...
Glória Salles
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