2.20.2013

Complique-se



Engraçado como as definições a respeito de nós mesmos vão mudando de acordo com a conveniência de nosso próprio alter ego. Para alguns somos uma tábua rasa, um papel em branco a ser escrito de acordo com as experiências do meio; Para outros, somos dotados de características inatas, percepções e saberes que nos acompanham naturalmente e que se evolui de acordo com as fases; E outros muitos nem se importam em se questionar.

Difícil se posicionar ou defender uma teoria que reduz nosso comportamento à definições, complicado estabelecer uma coerência expressiva a cerca do complexo eu, e nessa de tentar se entender, seremos eternos caçadores de nós mesmos, já dizia o grande poeta Milton Nascimento. Somos aquilo que desejamos, somos donos de nós mesmos, somos produto do nosso próprio umbigo; Forte isso não? Mas como pensar diferente se projetamos o outro a partir do que entendemos que é certo ou errado.

Nessa de brincar de ser rebelde às convenções, faço uso do que questiono para sabotar meus próprios devaneios. É muito amplo falar de quem somos, porque para se perceber parte é preciso se entender um, e confesso que olhar para dentro dá medo. Sou complexa, funda, e três. Esse corpo que vos expressa, submete-se à alma e obedece ao Espírito. Essa alma porém, sofre os danos do corpo e luta contra o Espírito, enquanto Ele, que manda em tudo, abdica-se de sua autoridade a fim de ser racionalmente percebido e então, respeitado. Que loucura para uma pessoa só.

Sou conscientemente louca, sou a perfeita complexa, sou para sempre a eterna incógnita. E, no que sobrepujo confusões, reflito verdades. Sim, verdades porque não sou única, sou apenas a coragem daqueles que as vezes pela inércia perceptiva não se permitem contradições e contrariedades. Bom, vamos sair um pouco dessa viagem? Porque apesar de tantos delírios casualmente raciocinados, só se enxerga quem abre os olhos da percepção, e apesar de tanta insanidade de definições, um louco nunca usaria de sua loucura para se observar.

Isso tudo apenas para dizer que o que é raso é reduzir, é se estabelecer padrões; Inato é ser complicado e sem resposta. Ser você mesmo? Graça e milagre de um Alguém de três que apenas nos ensina a equilibrar e sermos coerentes na complexidade de nossa alma e Espírito em um corpo que pouco vive. Seja objeto de si mesmo, perceba-se, e assim terá menos tempo para promover o que te desagrada do outro. Sobrará a você a consciência de que seu próximo é outro ser que perambula em confusões, e quem sabe assim, você terá mais compaixão daqueles que tanto ferem o umbigo que você se recusa a saber para que existe.

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